quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Decepcionados com a Igreja

Muitos são os cristãos abandonam o convívio das igrejas locais e decidem exercer sua religiosidade em modelos alternativos.

Por Mauricio Zágari

Fonte : CRISTIANISMO HOJE

A Igreja Evangélica brasileira está cansada. E é um cansaço que vem provocando mudanças fortes de paradigmas com relação aos modelos eclesiásticos tradicionais. Ele afeta milhões de pessoas que se cansaram de promessas que não se cumprem, práticas bizarras impostas de cima para baixo, estruturas hierárquicas que julgam imperfeitas ou do mau exemplo e do desamor de líderes ou outros membros de suas congregações. Dessa exaustão brotou um movimento que a cada dia se torna maior e mais visível: o de cristãos que abandonam o convívio das igrejas locais e decidem exercer sua religiosidade em modelos alternativos – ou, então, simplesmente rejeitam qualquer estrutura congregacional e passam a viver um relacionamento solitário com Deus. O termo ainda não existe no vernáculo, mas eles bem que poderiam ser chamados de desigrejados.

teste No cerne desse fenômeno está um sentimento-chave: decepção. Em geral, aqueles que abandonam os formatos tradicionais ou que se exilam da convivência eclesiástica tomam tal decisão movidos por um sentimento de decepção com algo ou alguém. Muitos se protegem atrás da segurança dos computadores, em relacionamentos virtuais com sacerdotes, conselheiros ou simples irmãos na fé que se tornam companheiros de jornada. Há ainda os que se decepcionam com o modelo institucional e o abandonam não por razões pessoais, mas ideológicas. Outros fogem de estruturas hierárquicas que promovam a submissão a autoridades e buscam relações descentralizadas, realizando cultos em casa ou em espaços alternativos.

A percepção de que as decepções estão no coração do problema levou o professor e pastor Paulo Romeiro a escrever Decepcionados com a graça (Mundo Cristão), livro onde avalia algumas causas desse êxodo. Embora tenha usado como objeto de estudo uma denominação específica – a Igreja Internacional da Graça de Deus –, a avaliação abrange um momento delicado de todo o segmento evangélico. Para ele, o epicentro está na forma de agir das igrejas, sobretudo as neopentecostais. “A linguagem dessas igrejas é dirigida pelo marketing, que sabe que cliente satisfeito volta. Por isso, muitas estão regendo suas práticas pelo mercado e buscam satisfazer o cliente”. Romeiro, que é docente de pós-graduação no Programa de Ciências da Religião da Universidade Mackenzie e pastor da Igreja Cristã da Trindade, em São Paulo, observa que essas igrejas não apresentam projetos de longo prazo. “Não se trata da morte, não se fala em escatologia; o negócio é aqui e agora, é o imediatismo”.  Segundo o estudioso, a membresia dessas comunidades é, em grande parte, formada por gente desesperada, que busca ajuda rápida para situações urgentes – uma doença, o desemprego, o filho drogado. “O problema é que essa busca gera uma multidão de desiludidos, pessoas que fizeram o sacrifício proposto pela igreja mas viram que nada do prometido lhes aconteceu.”

Se a mentalidade de clientela provocou um efeito colateral severo, a ética de mercado faz com que os fiéis passem a rejeitar vínculos fortes com uma única igreja local, como aponta tese acadêmica elaborada por Ricardo Bitun. Pastor da Igreja Manaim e doutor em sociologia, ele usa um termo para designar esse tipo de religioso: é o mochileiro da fé. “Percebemos pelas nossas pesquisas que muitas igrejas possuem um corpo de fiéis flutuantes. Eles estão sempre de passagem; são errantes, andam de um lugar para outro em busca das melhores opções”, explica. Essa multiplicação das ofertas religiosas teria provocado um esvaziamento do senso de pertencimento, com a formação de laços cada vez mais temporários e frágeis – ao contrário do que normalmente ocorria até um passado recente, quando era comum que as famílias permanecessem ligadas a uma instituição religiosa por gerações.

Para Bitun, a origem desse comportamento é a falta de um compromisso mútuo, tanto do fiel para com a denominação e seus credos quanto dessa denominação para com o fiel. O descompromisso nas relações, um traço de nosso tempo, impede que raízes de compromisso – não só com a igreja, mas também em relação a Deus – sejam firmadas. “Enquanto está numa determinada igreja, o indivíduo atua intensamente; porém, não tendo mais nada que lhes interesse ali, rapidamente se desloca para outra, sem qualquer constrangimento, em busca de uma nova aventura da fé”, constata.

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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A Inutilidade da Razão Pura

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1 - Ha razão nas acusações existêncialista que faço a mim mesmo?

2 - Será que todas as vezes que questiono o meu intelecto, tenho razão?

O platonismo que tenho em todas as minhas atitudes, sempre me leva a girar em torno destas concepções absolutistas e inúteis, que em si própria não há nada que se aproveite e a abone numa sustentação digna.

Vejo então que a vida gira em torno da fé, somente com ela podemos nos manter equilibrado em nossas posições, ela sim, é a base de uma vida saudável e sem complexos.

Através da fé podemos compreender a nossa relação com o divino, sabemos intimamente que sempre há alguém conosco e é com esse alguém que compartilhamos desesperos e alegrias, alguém que sempre nos escuta, nos acalma, em fim nos equilibra.

 

 

Soli Deo Gloria.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Marina Silva - Velado e revelado.

Ao longo de mais de 30 anos construiu-se no Brasil um campo de conhecimento e de ação que, nestas eleições, furou a última carcaça que ainda o mantinha longe do nível mais decisório da vida do país: a política. Com um rico acúmulo de produção teórica, experiências práticas, conquistas legislativas, institucionais e culturais, as propostas socioambientais para um modelo de desenvolvimento que dialogue com o século 21 começam a ser reconhecidas como um projeto nacional, abrindo uma brecha para a formação de nova força política. 

Esse é o horizonte. Para consolidá-lo temos longa batalha pela frente, mas o passo essencial está dado. O projeto socioambiental não quer frear a economia nem empatar o crescimento. Quer tão somente fazer o encontro entre economia, ecologia, justiça social e desenvolvimento durável. É preciso amalgamar, juntar as pontas, dar escala e visibilidade ao que já está disperso na realidade, comparar com o modelo ainda dominante, transformar em alternativa real de escolha política. 

O caminho está aberto, e muita gente, quase 20 milhões de pessoas, se interessou por ele. Pela primeira vez um projeto identificado com uma visão de transição de grande impacto consegue saltar do quase total desconhecimento para um adensamento eleitoral tão relevante. É uma base excepcional para pensar a construção de uma terceira via, para não só quebrar a polarização conservadora hoje representada pelo confronto PT X PSDB, como para motivar novos contingentes de brasileiros a assumir uma prática política ativa e nova, mais integradora, não destrutiva e menos obcecada por hegemonia. 

A experiência de uma campanha desse porte extravasou minha capacidade de apreendê-la em toda sua riqueza, nesse momento. Vi-me entre um Brasil revelado – e que quer se revelar  - e um Brasil velado, que quer se esconder na velha política das coisas meio vistas, meio ditas, meio comprometidas, meio esfumaçadas, inteiramente ultrapassadas. No cotejo entre ambos, fica patente o enorme equívoco do Brasil velado. Não percebe a intensa predisposição dos brasileiros a ouvir opiniões sinceras, que valorizam mesmo quando não concordam com elas. Preferem que a disputa se faça pela exposição do pensamento, das propostas e das práticas, não por meio de técnicas de mútua desconstrução, da qual ninguém sai maior. Nem atacante nem atacado, nem a ética nem a política. 

Uma revelação honesta vale mais que a resposta ensaiada. Senti isso de maneira enfática na juventude. Em Varginha, Minas Gerais, uma escola inteira pressionou os professores para ir até o auditório da cidade ouvir minha fala. Em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, um grupo de jovens fez por sua própria conta cartazes improvisados de cartolina para aguardar nossa passagem. Essas manifestações movidas a pura vontade me deixam certa de que há uma terceira via política, vigorosa e inovadora, pedindo passagem. Para quem, como eu, disse que queria ser mantenedora de utopias, não poderia haver maior realização.

Ao mesmo tempo, constatei a força dos costumes que empurra muita gente a cobrar dos candidatos o ataque na jugular do oponente, o fazer dos defeitos alheios o seu trampolim. Ao me recusar a isso, parecia a muitos, num primeiro momento, que não estava sendo suficientemente contundente.  Parte da imprensa vai muito por essa linha. O que surpreendeu a esses é que a nossa opção teve grande acolhimento. Há, de fato, espaço para tratar de problemas no seu mérito e na qualidade das soluções propostas. 

Essas eleições merecem leituras criteriosas e profundas, não meras justificativas partidárias. É preciso reconhecer a exaustão do sistema político e a crise no campo social-democrata que acabou servindo, tanto do lado do PT quanto do PSDB, de biombo para a sobrevida política de velhas oligarquias. A campanha do Partido Verde causou perplexidade porque saiu do roteiro previsível e se legitimou de tal forma que exigiu respostas e sinalizações das demais campanhas. Que isso não seja considerado mero  acidente de percurso, que não se pense que é modismo, porque não é. 

Agora, o desafio do PV, do campo socioambiental e de todos aqueles que sentiram esperança numa mudança política, é colocá-la de pé. O desafio dos vencedores ou dos que ficarão na oposição é dialogar com a realidade e a complexidade do mundo e do Brasil de hoje, saindo do casulo de suas estratégias de poder reducionistas. Tenho certeza de que todos os eleitores esperam por isso, independentemente de suas paixões partidárias. 

Como disse na Carta Aberta enviada a Dilma Roussef e José Serra, “não há mais como fechar os olhos ou dar respostas tímidas e insuficientes às crises que convergem para a necessidade de adaptar o mundo à realidade inexorável ditada pelas mudanças climáticas”. E repito aqui: o principal desafio não é a natureza, é a urgência de encararmos os limites dos nossos modelos de vida e de darmos um salto civilizatório, de valores. 

A sociedade, afirmei na Carta Aberta, está entendendo cada vez mais o papel dessa mudança para o país, a humanidade e o Planeta.  Os votos que me foram dados podem não refletir conceitualmente essa consciência, mas refletem o sentimento de superação de um modelo. E revelam também a intuição de que o grande nó está na política, porque é nela que se decide a vida coletiva, se consolidam valores ou a falta deles. 

Essas eleições nos mostraram uma oportunidade única de inflexão. Será extremamente injusto com o Brasil não aproveitá-la.

Marina Silva, 52, é senadora do Acre pelo PV, foi candidata do partido à Presidência da República nestas eleições e ministra do Meio Ambiente do governo Lula (2003-2008).

Fonte: Site Oficial da Marina Silva

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Avante BRASIL

Primeiramente, Parabéns a Dilma Rousseff a futura administradora da nossa Nação Brasileira.

Dilma_2 Não podemos negar, apesar de alguns percalços e muitos espantos, tivemos uma eleição legitima e democrática, onde o grande vencedor foi o povo brasileiro que bateu o pé e teve sua voz ecoada nas urnas deste amado pais, que assim, elegeu seus representantes como reza a nossa Carta Magna.

Desde muito pequenino sou apaixonado por este exercício democrático, lembro-me as diversas vezes em que acompanhei meu pai nas suas votações. Aquele ar eleitoral, desde muito moço já me fascinava, para saciar minhas pequenas implicações, meu pai já me deixava, juntamente com ele, participar do pleito, ajudando a preenchendo a guia do voto e depositá-la na urna eleitoral. Minha estréia como eleitor se deu nas eleições gerais de 1994, quando então, o Brasil conheceu o fantástico fenômeno, Dr. Enéias Carneiro e seu famoso jargão “Meu nome é Enéias”. Esta, também, foi a eleição pós Plano Real e apresentou o segundo fenômeno da eleição, Fernando Henrique Cardoso pai da presente estabilidade financeira e o já bem conhecido e grande candidato Luiz Inácio Lula (brasileiro) da Silva, entre outros. Passados 16 anos e sem perder a paixão pela política e se envolvendo cada vez mais com o espírito democrático, chego a eleição mais espantosa da minha vida, com novidades que foram além das minhas expectativas e é sobre elas que eu quero pontuar aqui.

1 – O uso em massa dos meios eletrônicos. Sem dúvida alguma a internet teve papel fundamental nesta eleição. O twitter, por exemplo, foi inundado de frases de efeitos resumidas em 140 caracteres e apoiado por blog`s extremistas e totalmente parciais que desenhava a cara do candidato, ou maquiava, ao seu potencial eleitor. Quem soube utilizar esta ferramenta trouxe para si um aliado poderosíssimo e bem futurista.

2 – Guerra política partidária. Os candidatos fizeram a campanha de mais baixo nível que se teve noticia até o dia de hoje, os insultos foram de baixo calão, e refletia no comportamento dos militantes, que por sua vez, se comportavam como se fosse uma torcida uniformizada, pregoando o mais cego dos comportamentos, travando debates que mais parecia uma batalha físico-ideológica guiado pela escuridão de seus pares e alimentados pelas direções insanas de seus marqueteiros, onde que, até o respeitado presidente da republica, afrouxou o nó da gravata cerrou os pulsos, e foi militar juntamente com seu partido, passando por cima da ética comportamental, conduta comum e necessária para seu cargo.

3 – Questões religiosas. No segundo turno tivemos o fator religioso colocado no pleito. Para muito um verdadeiro absurdo, pois o Brasil é um pais laico, e quando falamos de laicismo, geramos muitas confusões e desentendimentos em nossas posições. Assim como vários países, o Brasil é um pais laico, ser laico significa que a Igreja, ou outro movimento religioso, não tem o poder de legislar, nem de julgar ou criar decretos, a igreja não é um órgão do governo, é isto que se diz, quando se fala de laicismo. Mas o Brasil é um Estado Democrático de Direito, e isso nos dá (a qualquer cidadão) a total liberdade de expressão e argumentação sobre qualquer tema que julgue necessário, nisto inclui fazer propaganda a favor de qualquer candidato ou até mesmo contra qualquer um deles, ou seja, eu ou o meu grupo social podemos (e deve ) declarar nossa opinião sobre os assuntos em que nos diz respeito, o que não pode é a policia federal apreender nenhum tipo de manifesto que qualquer grupo vier a fazer, isto é inquisição em pleno século 21 e fere os principio democráticos constitucionais. Mas acredito que este erro nunca mais irá se repetir!!!!!

Viva O BRASIL!!! Viva a DEMOCRÁCIA!!!

Parabéns DILMA ROUSSEFF!!!

Bandeira do Brasil em Brasilia

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Fernando Pessoa.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?

Guardo todas, um dia vou construir um castelo…